(AO) Titulares de quê?

Crítica aos critérios de seriação para prover professores a titulares.

Os critérios de avaliação dos professores para passagem a professores titulares não contemplam a participação voluntária. Incidem sobretudo nos cargos que tiveram, muitas vezes (a maior parte) obtidos por uma questão de preenchimento de horários. Privilegia-se muito a experiência e pouco a formação. Sabe-se que os professores mais novos têm muito mais formação, a todos os níveis, que os mais velhos. E sabe-se também que só por si a experiência não chega. Aliás, os professores mais velhos não tiveram formação específica para exercer a profissão (tirando a “anedota” da profissionalização em serviço). Os professores do 10º escalão (os mais velhos) só não passam a titulares se não concorrerem (na grande maioria dos casos). Dever-se-ia sobrevalorizar os cargos que não tiveram qualquer redução de horário, ou seja, sobrevalorizar a participação voluntária. Dever-se-ia valorizar a participação no Plano Anual de Actividades (também esta voluntária), ou seja, a participação na operacionalização do Projecto Educativo de Escola (PEE), uma vez que este documento é considerado a "Bíblia" da Escola, e não ser completamente excluída com estes actuais critérios. Acabaram de vez com a importância que a legislação e os pedagogos românticos têm vindo a atribuir ao "grande" PEE. Fica também excluída a avaliação da verdadeira função do professor, que é instruir (reconheço que seria difícil criar critérios justos para este efeito, mas a verdade é que fica excluída). Conclusão: os titulares do título "titular", nem de perto nem de longe são os melhores mas, agora sim, vão ter de trabalhar.

Para os que não leram bem a minha opinião sobre os titulares

Considero-me dos mais velhos. Sou daqueles que não tiveram formação inicial para exercer a profissão. Sou daqueles que, segundo alguns colegas, passarão a titular. Sou daqueles que não se irão sentir bem com esse “penacho” perante os mais bem formados, perante os que trabalham voluntariamente e notoriamente mais (nas actividades do PAA, por exemplo), mas que só têm menos experiência. Sou daqueles que têm pontos à custa de cargos que exerceram e que tiveram redução de horário, ou seja, à custa do exercício da principal função (“dar aulas”). Sou daqueles que já leccionaram 7 níveis ao secundário (no mesmo ano e durante vários) e que também não lhes foi reconhecido esse trabalho com os actuais critérios. Sou daqueles que valorizam muito a idade das pessoas, aliás tenho inveja dos mais velhos pela sua maturidade e experiência.
Não sou daqueles que leccionam actualmente 22 horas por semana (felizmente). Não sou daqueles que têm mais formação inicial para exercer a profissão (infelizmente). Não sou daqueles que têm (muitas) actividades no PAA.
Nunca quis dizer que os mais velhos não trabalharam. Mas a verdade é que agora trabalham, naturalmente, menos. E que agora, incompreensivelmente, vão ter de trabalhar (outra vez).

Foi só isto que quis dizer colegas.

Luís Filipe Firmino Ricardo (2007)