Critica à falta de critérios para avaliação do desempenho docente.
É necessário mudar. Há escolas onde não existem quaisquer critérios de avaliação e nem sequer se baseiam nos gerais indicados pelo Ministério. Esta seria uma das razões suficientes para justificar essa mudança. Mais há mais. O que apresento a seguir é a transcrição rigorosa de um Parecer de Avaliação. Trata-se de um documento elaborado por professores com muita experiência no ensino e... com muitas outras coisas também, como facilmente se constata. Foi escrito numa única folhinha sem mais nada junto, manuscrito e quase imperceptível.
“O documento de reflexão critica apresentado merece-nos as seguintes observações: - não é verdade que tenha sido o responsável da sala (...) 2 no ano lectivo (...); - Ao contrário do que é afirmado tem havido alguns problemas com os seus alunos, quer quanto às relações pedagógicas quer quanto à avaliação; - Não tem tido qualquer participação nas actividades não lectivas desenvolvidas na Escola, nem mostra qualquer interesse em participar; - Perante o exposto não entendemos como ainda "pensa exercer outras funções educativas na Escola". Na expectativa de que as observações efectuadas levem à alteração da sua atitude perante a Escola propõe-se a avaliação qualitativa SATISFAZ.”
Nota-se de imediato:
1º - Que existe uma falta de respeito pela avaliação de desempenho dos professores, quando se apresenta um documento destes, manuscrito quase imperceptível. A avaliação dos professores tem que ser visto como um acto solene, com regras bem definidas e com critérios de avaliação bem conhecidos;
2º - Não existe sistematização uma vez que não separam o essencial do secundário quando se referem à sala 2 quando na verdade foi a sala 1;
3º - Não existe precisão já que não se pode verificar o que está escrito quando dizem, por exemplo, que "(…) não entendemos como ainda (…)" ou "(…) não mostra qualquer interesse (…)";
4º - Não existe fundamentação, uma vez que deveriam concretizar com elementos precisos estas asserções: “(…) problemas com os seus alunos (…)" ou "(…) não tem tido qualquer participação (…)", para, assim, se obter de forma clara a percepção da motivação do Parecer;
5º - Confusão de conceitos entre “avaliação” e “classificação”. Então, "(…) propõe-se a avaliação qualitativa SATISFAZ.”? Parece-me que o correcto será avaliar e depois classificar.
Deduzir-se-á que existirão outros documentos destes. Parece-me também que os “confrades” não se devem avaliar uns aos outros. Ou então, os membros da comissão avaliadora, que sejam escolhidos pelo voto secreto, pois só assim é que pode ser considerada como um órgão representativo (neste caso do Conselho Pedagógico) tal como é indicado por João Caupers (1996, p. 593). Nuno Crato (2006, p. 48) também não concorda com o actual modelo pois refere que já no reinado de D. Afonso IV se acabou com os juízes locais precisamente por estes “(...) terem criado no meio local amizades e convivências e serem por isso permeáveis a pressões”. É que, se dá para beneficiar os “amigos”, também permite prejudicar os “inimigos”. Uma colega pertencente a outra comissão de avaliação, “confidenciava” em voz alta e à frente de um grupo de professores, que a avaliação se reduzia a detectar os erros ortográficos, entendendo-se que o Satisfaz está mais do que garantido. Parece-me, então, que a avaliação terá de ser independente, externa, baseada em critérios amplamente divulgados e feita por avaliadores formados para essa função.
Luís Filipe Firmino Ricardo (2006)
“O documento de reflexão critica apresentado merece-nos as seguintes observações: - não é verdade que tenha sido o responsável da sala (...) 2 no ano lectivo (...); - Ao contrário do que é afirmado tem havido alguns problemas com os seus alunos, quer quanto às relações pedagógicas quer quanto à avaliação; - Não tem tido qualquer participação nas actividades não lectivas desenvolvidas na Escola, nem mostra qualquer interesse em participar; - Perante o exposto não entendemos como ainda "pensa exercer outras funções educativas na Escola". Na expectativa de que as observações efectuadas levem à alteração da sua atitude perante a Escola propõe-se a avaliação qualitativa SATISFAZ.”
Nota-se de imediato:
1º - Que existe uma falta de respeito pela avaliação de desempenho dos professores, quando se apresenta um documento destes, manuscrito quase imperceptível. A avaliação dos professores tem que ser visto como um acto solene, com regras bem definidas e com critérios de avaliação bem conhecidos;
2º - Não existe sistematização uma vez que não separam o essencial do secundário quando se referem à sala 2 quando na verdade foi a sala 1;
3º - Não existe precisão já que não se pode verificar o que está escrito quando dizem, por exemplo, que "(…) não entendemos como ainda (…)" ou "(…) não mostra qualquer interesse (…)";
4º - Não existe fundamentação, uma vez que deveriam concretizar com elementos precisos estas asserções: “(…) problemas com os seus alunos (…)" ou "(…) não tem tido qualquer participação (…)", para, assim, se obter de forma clara a percepção da motivação do Parecer;
5º - Confusão de conceitos entre “avaliação” e “classificação”. Então, "(…) propõe-se a avaliação qualitativa SATISFAZ.”? Parece-me que o correcto será avaliar e depois classificar.
Deduzir-se-á que existirão outros documentos destes. Parece-me também que os “confrades” não se devem avaliar uns aos outros. Ou então, os membros da comissão avaliadora, que sejam escolhidos pelo voto secreto, pois só assim é que pode ser considerada como um órgão representativo (neste caso do Conselho Pedagógico) tal como é indicado por João Caupers (1996, p. 593). Nuno Crato (2006, p. 48) também não concorda com o actual modelo pois refere que já no reinado de D. Afonso IV se acabou com os juízes locais precisamente por estes “(...) terem criado no meio local amizades e convivências e serem por isso permeáveis a pressões”. É que, se dá para beneficiar os “amigos”, também permite prejudicar os “inimigos”. Uma colega pertencente a outra comissão de avaliação, “confidenciava” em voz alta e à frente de um grupo de professores, que a avaliação se reduzia a detectar os erros ortográficos, entendendo-se que o Satisfaz está mais do que garantido. Parece-me, então, que a avaliação terá de ser independente, externa, baseada em critérios amplamente divulgados e feita por avaliadores formados para essa função.
Luís Filipe Firmino Ricardo (2006)