Desadequação na aplicação do termo nas escolas públicas.
Gostaria que reflectissem um pouco nas mensagens destas três citações: (1) “Sem seguidores não há líderes” (Rego, 1998, p. 423), (2) “é necessário ter seguidores para ser líder” (Vargas, 2005, p. 39), e (3) “uma faísca só pode provocar explosão se houver matéria inflamável e oxigénio” (Klein e House, 1995, cit. Rego, 1998, p. 46). Estes últimos autores referem-se à faísca como o líder, à matéria inflamável como os seguidores, e ao oxigénio como a situação favorável. Nesta lógica, só se poderá entender o termo liderança se existirem seguidores e, será de consenso geral admitir-se que, não existe nada que se pareça com seguidismos cegos numa escola. Outra coisa não seria de esperar dada a sua estrutura colegial, e democrática, e a existência de uma classe pretensamente homogénea. Ou seja, a situação também não é favorável. Hitler e Jesus Cristo (e tantos outros do género) foram, sem dúvida, líderes dentro deste conceito geral.
Assim, parece-me que só se poderá aplicar o termo quando se delimitar o conceito e condicionar o estilo como, por exemplo, afirmar-se que ser líder é (somente) estar à frente dum órgão numa postura de partilha de ideias e decisões (empowerment). Neste seguimento, e se nos demarcarmos da imagem mais imediata que temos do líder muito próxima de “grande homem”, poderemos ainda interrogar-nos sobre a razão de o sermos algumas vezes. Rotatividade dos cargos? Preenchimento de horários? Disponibilidade? Será, então, mais indicado falar-se em “(...) lideranças do que liderança, mais nos lideres do que no líder” (Costa, in Costa, Mendes e Ventura, 2000, p. 26). À semelhança de outros conceitos aplicados à escola, existe também aqui uma grande ambiguidade na sua aplicação.
Quando Vargas (2005, p. 80) afirma que: “A responsabilidade de um gestor pertence ao domínio da Lei, a de um líder pertence ao domínio da Ética” e Bennis (1989, cit. idem, p. 28) acentua que “(...) as competências de gestão podem ser ensinadas/aprendidas ao contrário das competências da liderança”, ressaltam de sobremaneira as qualidades humanas que o chamado líder deve possuir. E aqui sim, nesta vertente, podemos de facto sê-lo.
Bibliografia Referenciada
· COSTA, Jorge A.; MENDES António N.; VENTURA, Alexandre (orgs.) – Liderança e Estratégia nas Organizações Escolares. Aveiro: Universidade Aveiro, 2000
· REGO, Arménio – Liderança nas Organizações – Teoria e Prática. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1998
· VARGAS, Ricardo – A Arte de Tornar-se Inútil – Desenvolvendo Líderes para Vencer Desafios. Lisboa: Gradiva, 2005
Luís Filipe Firmino Ricardo (2007)
Assim, parece-me que só se poderá aplicar o termo quando se delimitar o conceito e condicionar o estilo como, por exemplo, afirmar-se que ser líder é (somente) estar à frente dum órgão numa postura de partilha de ideias e decisões (empowerment). Neste seguimento, e se nos demarcarmos da imagem mais imediata que temos do líder muito próxima de “grande homem”, poderemos ainda interrogar-nos sobre a razão de o sermos algumas vezes. Rotatividade dos cargos? Preenchimento de horários? Disponibilidade? Será, então, mais indicado falar-se em “(...) lideranças do que liderança, mais nos lideres do que no líder” (Costa, in Costa, Mendes e Ventura, 2000, p. 26). À semelhança de outros conceitos aplicados à escola, existe também aqui uma grande ambiguidade na sua aplicação.
Quando Vargas (2005, p. 80) afirma que: “A responsabilidade de um gestor pertence ao domínio da Lei, a de um líder pertence ao domínio da Ética” e Bennis (1989, cit. idem, p. 28) acentua que “(...) as competências de gestão podem ser ensinadas/aprendidas ao contrário das competências da liderança”, ressaltam de sobremaneira as qualidades humanas que o chamado líder deve possuir. E aqui sim, nesta vertente, podemos de facto sê-lo.
Bibliografia Referenciada
· COSTA, Jorge A.; MENDES António N.; VENTURA, Alexandre (orgs.) – Liderança e Estratégia nas Organizações Escolares. Aveiro: Universidade Aveiro, 2000
· REGO, Arménio – Liderança nas Organizações – Teoria e Prática. Aveiro: Universidade de Aveiro, 1998
· VARGAS, Ricardo – A Arte de Tornar-se Inútil – Desenvolvendo Líderes para Vencer Desafios. Lisboa: Gradiva, 2005
Luís Filipe Firmino Ricardo (2007)