Mais um contributo para a discussão
Como prometido, cá estou eu de novo. Continuemos, então:
(a) Um fim às reuniões com carácter obrigatório (ver http://revistaensinareaprender.blogspot.com/2007/10/reunies-reunies-reunies.html e http://revistaensinareaprender.blogspot.com/2007/10/participar-ou-fazer-parte.html ). Porquê castigar um professor com marcação de falta a uma qualquer reunião (não prevista) às 18h30 numa qualquer segunda-feira se esse professor vive a 50 km da sua Escola e se, depois, esse mesmo professor, dá seguimento às acções para as quais a reunião estava destinada? Será que se lembram que são os professores mais mal pagos que vivem mais longe da Escola? Será que se lembram que os professores que vivem mais longe da Escola são os que têm filhos mais pequenos? Será que se lembram que os professores têm de certeza compromissos com os seus filhos pequenos? Será que se lembram que já não existem aldeias? Então, também por estas, as reuniões só têm sentido se forem estritamente necessárias. Muitas vezes as informações podem ser passadas através de um simples mail. Mas, quando realizadas, o seu animador/presidente deve seguir a ordem de trabalhos e não ultrapassar o tempo previsto bem como promover a pontualidade. Parece-me que a pontualidade é muito mais importante do que a saída precoce e a operacionalização e o cumprimento das acções são mais importantes do que a simples presença nas reuniões.
(b) Clarificação das competências dos órgãos colegiais. Seria bom consciencializarmo-nos que não existem chefes nas escolas públicas (para já). Nenhum coordenador, director de curso, director de turma,… (excepto o PCE, esse sim pode uma vez que se trata de um órgão singular à semelhança do Director) pode decidir seja o que for se não for tratado na respectiva assembleia. Tenho é notado que alguns “cargozitos” têm feito mal ao ego de alguns professores dando ideia que lhe faltarão motivos de satisfação “lá fora”. Com essa prepotência cria-se um mal-estar desnecessário em colegas que pela sua natureza não se envolvem em “guerras” e acabam por aceitar as “ordens” dos outros. Como dizia um colega: “a secretaria seria um óptimo lugar para esses sabichões”. Estas situações fazem-me lembrar o episódio do futebol que aconteceu recentemente quando o presidente de um órgão colegial deu por encerrada a reunião, pensando ele que com esta sua atitude os restantes membros não poderiam decidir sem a sua presença. Ora bem: se não existir estatuto especial e se forem regidos pelas regras da administração pública, quando o presidente se retirar, havendo quórum, deve ser substituído pelo mais velho membro da assembleia e deve-se dar continuidade à ordem de trabalhos. Mais: se existir quórum e se for da concordância de 2/3 dos membros até a ordem de trabalhos pode ser alterada.
(c) Divisão clara da educação pré-escolar e ensino secundário formando os respectivos educadores e professores em áreas distintas (ver: http://revistaensinareaprender.blogspot.com/2007/12/ao-onde-esto-as-respostas.html ). Não se compreende que os estágios pedagógicos, as licenciaturas, mestrados, e doutoramentos em ciências da educação sejam dirigidos na mesma especialidade a dois níveis de exigência tão discrepantes e a realidades tão diferentes. Parece-me pouco provável que um professor tenha vocação, apetência e formação, para leccionar a níveis tão díspares como o 7º ano e 12º ano. Os professores deveriam ser, então, seleccionados e formados de acordo com as suas preferências e aptidões.
(d) Vídeo vigilância em todos os locais de circulação na escola libertando, assim e também, a “estátua” do funcionário sentado no fundo do corredor. Ninguém que seja cumpridor (alunos e professores) terá qualquer receio desta medida.
(e) Criar, melhorar, actualizar modelos de registos, pedidos, requisições, propostas, actividades, relatórios,… de forma a que seja mais fácil a sua avaliação e a eventual resposta. Aqui sim, a criatividade do professor deverá ser limitada.
(f) Eliminar a burocracia na sua vertente irracional com o suporte na boa-fé das pessoas, que terá forçosamente de ser reconhecida, e baseados no único lema: “esta minha acção/atitude não prejudicará ninguém” (ver http://revistaensinareaprender.blogspot.com/2007/10/burocracia-como-forma-de-racionalizao.html ).
(g) Acabar com os prémios de mérito aos alunos (e aos professores, obviamente). Não fazem mais do que cumprir com as suas obrigações. Muitas vezes são premiados por sucessos que nada têm a ver com as competências adquiridas na Escola (por exemplo: vitória numa corrida de 100 metros). A meritocracia pode também provocar competições desmedidas ao contrário de fomentar a entreajuda e o trabalho em grupo.
(h) Ouvir mais os professores, principalmente os mais novos, aqueles que têm de facto formação específica para exercer a profissão, aqueles que trabalham mais horas, aqueles que conhecem as outras escolas, aqueles… Nós, os mais velhos, estamos tão viciados que muitas vezes nem as “rachadelas na parede” vemos (valha-nos a experiência). Porquê não incentivar então todos os professores a apresentarem as suas propostas, em qualquer área, sem qualquer censura, mesmo que sejam anónimas?
(i) Aproveitar melhor a especialidade académica de cada um. Tenho reparado que muitos emitem pareceres sem qualquer fundamento (sobretudo aqueles que não conseguem estar calados um minuto). Por exemplo, se tem de existir um responsável pela segurança numa escola porquê não entregá-lo a um professor formado em engenharia com pós graduação nessa área?
(j) Reprogramar os programas curriculares. Não podemos continuar a exigir que, por exemplo, alunos de um CEF nível II, conhecendo-se bem a razão da existência destes cursos, aprendam matérias que só me ensinaram no 4º ano de engenharia. À semelhança das duas alíneas anteriores, seria de todo importante ouvir mais os professores especialistas, neste caso de cada nível de ensino.
(k) Outra coisa que me mete uma grande confusão: não se exagerará com tantos trabalhos manuais (por exemplo) elaborados nas disciplinas que nada têm a ver com essa vertente? Temos alunos com cartazes lindos que resultam numa boa classificação mas, que da matéria propriamente dita, ficamos sem saber a quanto correspondem.
Para já, não me lembro de mais nada além do que referi anteriormente sobre a importância de se valorizar e prestigiar o papel do professor na sociedade. Como?
Luís Filipe Firmino Ricardo (2008)