(AC) Investigação-Ação (I-A) vs Estudo de Caso

Uma reflexão sobre as diferenças e semelhanças entre I-A e um Estudo de Caso

Simões (1990) refere que “na maior parte dos casos, a I.-A. assumirá a forma de estudo de caso” (idem:47). Como existem outras referências semelhantes por parte de vários autores denunciando que poderá existir algum conflito entre os dois conceitos, levou-me a apresentar esta reflexão.
Considerando a I-A como um conjunto de procedimentos para dar resposta a um problema social, real e específico vivido/sentido pelo investigador/profissional, colocando-se em ação os resultados duma investigação no sentido de melhorar a sua prática num processo cíclico, refletivo e crítico onde o grupo alvo tem de assumir a aceitação das mudanças e envolver-se ativamente em todo o processo (lá estou eu a repetir esta definição), e um estudo de caso como uma investigação particular, descritiva, heurística, indutiva… ou  como um método que “consiste na observação detalhada de um contexto (...) ou de um acontecimento específico” (Merriam, 1988, cit. Bogdan & Biklen, 1994:89) procurarei aqui resumir as que me parecem ser as suas diferenças/semelhanças principais.

Tab. 1 – I-A vs estudo de caso
I-A
Estudo de caso


Levado a cabo por um profissional/ investigador (ou por um conjunto de investigadores/profissionais)

Não necessariamente, mas nada o impede.

O grupo alvo tem de ter conhecimento do processo e participar nas actividades aceitando as mudanças.

Não necessariamente, mas nada o impede.
Implica um processo cíclico numa procura de melhorar constantemente a prática do profissional/investigador aplicando-se os resultados no grupo/alvo investigado.

O estudo conclui-se no final de uma investigação, encerrando-se o ciclo. Nada garante que os resultados da investigação sejam aplicados (muitas teses de doutoramento e mestrado nunca saíram da prateleira – como sabemos).

Debruça-se sobre um problema social.

Não necessariamente, mas nada o impede.


Não é generalizável (não existe validade externa)

Não é generalizável tal como a I-A.

Não se vislumbram meios eficazes para provar a sua validade interna.

Tem validade interna.
Referências bibliográficas
·         Bogdan, R., Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto: Porto Editora
·         Simões, A. (1990). A Investigação-Acção: Natureza e Validade. Coimbra: Universidade de Coimbra, Revista Português de Pedagogia, Ano XXIV, pp. 39-51


Luís Ricardo (2011)