Uma reflexão sobre as diferenças entre os dois termos
Um dos problemas que me parecem sobressair, aliás como em muitas temáticas da área das Ciências da Educação, é a quantidade de termos existentes para o mesmo significado. Tudo poderá passar para um melhor entendimento por uma delimitação dos conceitos podendo, até, e na minha opinião, “qualquer” termo servir. Nesta área debatemo-nos com expressões abrangentes como Investigação-Ação (I-A) mas muitas vezes lemos em sua substituição Pesquisa-Ação (P-A) sobretudo vindo de autores brasileiros. Grabauska & Bastos (1998) tiveram o cuidado de acrescentar no final do artigo que os termos I-A e P-A foram utilizados como sinónimos no seu trabalho, fazendo, deste modo, que o texto que apresentaram ficasse fluído e facilmente entendível.
No entanto Tripp (2005) pensa de uma forma diferente ao afirmar claramente que a P-A é um tipo de I-A entre inúmeros tipos ou “entre alguns dos diversos desenvolvimentos do processo do processo básico de investigação-ação” (idem: 446). Este professor da Universidade de Murdoch (Austrália) apresenta o objetivo principal do seu contributo como um esclarecimento do termo pesquisa-ação dado o seu uso ambíguo dizendo até que é usado duma forma “vaga e (…) sem sentido” (idem:447). No entanto poderíamos contrariá-lo nessa tentativa de clarificação uma vez que os termos que utiliza não distinguem pesquisa de investigação e sabemos que poderá neste aspeto criar algumas confusões de análise já que pacificamente se tende a ligar pesquisa ao passado e investigação ao futuro.
Embora me pareça que o processo da I-A possa conter pesquisas, por exemplo, ao passado biográfico dos sujeitos em estudo numa perspetiva antropológica/psicológica/sociológica com o objetivo de os compreender e melhorar uma determinada prática profissional do professor/investigador/pesquisador. E poderá, no meu entender, ser suficiente para se completar um ciclo/espiral do processo contínuo. Aliás uma das primeiras tarefas do professor diretor de turma é precisamente a análise documental dos registos documentais existentes de todos os seus alunos, apresentando os problemas identificados (e não costumam ser poucos) aos restantes elementos do conselho de turma com o único objetivo de melhorar as ações educativas e específicas de cada disciplina. Não será este procedimento o início de uma I-A embora processada inconsciente pela maioria dos professores? Parece-me claramente que sim. Franco (2005) trata o termo P-A nitidamente como de I-A se tratasse parecendo-me, por estes motivos, que, não existindo qualquer alerta no sentido de delimitar os conceitos como o fez Tripp (2005), possam ser entendidos da mesma forma.
Em Lima (2011) a pluralidade de visões (nesta obra dedicada em exclusivo às várias perspetivas de análise da organização escolar) são vistas como vantajosas pois permitem um fortalecimento teórico mas simultaneamente denunciantes de alguma imaturidade analítica. Esta guerra de tentativas por parte dos autores de acrescentar mais faces ao prisma teórico, com cada autor a tentar encontrar e caraterizar vários tipos, variedades, modalidades, ou seja, várias concetualizações de I-A, embora repetidas muitas vezes dentro das diferentes denominações, parecem-me de facto importantes pois permitem-nos obter muitas óticas reflexivas mas, também me parece, que exageramos um pouco se pensarmos na perspetiva da segunda rutura epistemológica (referida e mais que batida ideia de Boaventura Sousa Santos) ou na perspetiva do duplo paradoxo de Costa, Ávila & Mateus (2002).
Referências bibliográficas
• Costa, A. F., Ávila, P., Mateus, S. (2002). Públicos da Ciência em Portugal. Lisboa: Gradiva
• Franco, M. A. S. (2005). Pedagogia da Pesquisa-Ação. São Paulo: Revista Educação e Pesquisa, v.31, n.3, p.483-502
• Grabauska, C. J., Bastos, F. P. (1998). Investigação-acção: possibilidade crítica e emancipatória na prática educativa. Revista Electrónica de Investigación Curricular y Educativa, v. 1, n. 2
• Lima, L. C. (org.) (2011). Perspectivas de Análise Organizacional das Escolas. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão
• Tripp, D. (2005). Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. São Paulo: Revista Educação e Pesquisa, v. 31, n. 3, set./dez. p. 443-466
Luis Ricardo (2011)
No entanto Tripp (2005) pensa de uma forma diferente ao afirmar claramente que a P-A é um tipo de I-A entre inúmeros tipos ou “entre alguns dos diversos desenvolvimentos do processo do processo básico de investigação-ação” (idem: 446). Este professor da Universidade de Murdoch (Austrália) apresenta o objetivo principal do seu contributo como um esclarecimento do termo pesquisa-ação dado o seu uso ambíguo dizendo até que é usado duma forma “vaga e (…) sem sentido” (idem:447). No entanto poderíamos contrariá-lo nessa tentativa de clarificação uma vez que os termos que utiliza não distinguem pesquisa de investigação e sabemos que poderá neste aspeto criar algumas confusões de análise já que pacificamente se tende a ligar pesquisa ao passado e investigação ao futuro.
Embora me pareça que o processo da I-A possa conter pesquisas, por exemplo, ao passado biográfico dos sujeitos em estudo numa perspetiva antropológica/psicológica/sociológica com o objetivo de os compreender e melhorar uma determinada prática profissional do professor/investigador/pesquisador. E poderá, no meu entender, ser suficiente para se completar um ciclo/espiral do processo contínuo. Aliás uma das primeiras tarefas do professor diretor de turma é precisamente a análise documental dos registos documentais existentes de todos os seus alunos, apresentando os problemas identificados (e não costumam ser poucos) aos restantes elementos do conselho de turma com o único objetivo de melhorar as ações educativas e específicas de cada disciplina. Não será este procedimento o início de uma I-A embora processada inconsciente pela maioria dos professores? Parece-me claramente que sim. Franco (2005) trata o termo P-A nitidamente como de I-A se tratasse parecendo-me, por estes motivos, que, não existindo qualquer alerta no sentido de delimitar os conceitos como o fez Tripp (2005), possam ser entendidos da mesma forma.
Em Lima (2011) a pluralidade de visões (nesta obra dedicada em exclusivo às várias perspetivas de análise da organização escolar) são vistas como vantajosas pois permitem um fortalecimento teórico mas simultaneamente denunciantes de alguma imaturidade analítica. Esta guerra de tentativas por parte dos autores de acrescentar mais faces ao prisma teórico, com cada autor a tentar encontrar e caraterizar vários tipos, variedades, modalidades, ou seja, várias concetualizações de I-A, embora repetidas muitas vezes dentro das diferentes denominações, parecem-me de facto importantes pois permitem-nos obter muitas óticas reflexivas mas, também me parece, que exageramos um pouco se pensarmos na perspetiva da segunda rutura epistemológica (referida e mais que batida ideia de Boaventura Sousa Santos) ou na perspetiva do duplo paradoxo de Costa, Ávila & Mateus (2002).
Referências bibliográficas
• Costa, A. F., Ávila, P., Mateus, S. (2002). Públicos da Ciência em Portugal. Lisboa: Gradiva
• Franco, M. A. S. (2005). Pedagogia da Pesquisa-Ação. São Paulo: Revista Educação e Pesquisa, v.31, n.3, p.483-502
• Grabauska, C. J., Bastos, F. P. (1998). Investigação-acção: possibilidade crítica e emancipatória na prática educativa. Revista Electrónica de Investigación Curricular y Educativa, v. 1, n. 2
• Lima, L. C. (org.) (2011). Perspectivas de Análise Organizacional das Escolas. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão
• Tripp, D. (2005). Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. São Paulo: Revista Educação e Pesquisa, v. 31, n. 3, set./dez. p. 443-466
Luis Ricardo (2011)