Continuação da minha visão
Na continuação do texto anterior (ver http://revistaensinareaprender.blogspot.com/2008/06/ao-escolas-eficazes-4.html ) e contrariando o Professor António Teodoro (em “Professores, para quê? Mudanças e Desafios na Profissão Docente”. Porto: Profedições 2006, p. 45) quando afirma que os qualificados em ciências da educação não produzem “novos paradigmas de pensamento”, arrisco a dizer o seguinte para que uma Escola possa ser eficaz:
(a) O mesmo autor (idem), baseado em Durkheim, refere que a escola tem duas funções básicas: a acreditação e a socialização. Não podia estar mais de acordo. Deste modo seria de todo interessante que as avaliações resultassem em duas classificações distintas referentes a essas duas vertentes. Agora notamos que a classificação de um aluno reparte-se pelos itens cientifico e comportamental mas ficamos sem saber qual o mais preponderante ou qual o peso de cada um deles. Pode ser útil saber se o aluno é cientificamente capaz mesmo não tendo um relacionamento interpessoal satisfatório ou, ser igualmente importante, conhecer o contrário.
(b) Tolerância perto de zero para a indisciplina, sem as medidas correctivas/sancionatórias chamadas cívicas como por exemplo limpeza de bares dando azo a uma alegria geral de quem os observa e dos próprios castigados. Penso que essas medidas, esse tipo de castigos, são da área de intervenção dos EE, onde os professores não se deveriam meter. Sou da opinião que a indisciplina é o cerne da grande maioria dos males na escola. Os processos disciplinares deveriam ser resolvidos por um órgão próprio (três membros no máximo) criado exclusivamente para esse efeito, baseados nos relatórios dos DT’s e dos envolvidos, e onde se analisariam todos os precedentes de comportamento, de aproveitamento e de assiduidade. O resultado da decisão deveria ser conhecido no mesmo dia (ou no máximo no dia seguinte) e a medida correctiva/sancionatória ser aplicada de imediato.
(c) Aulas livres (alunos do secundário e CEF) sem qualquer obrigatoriedade (com informação da falta ao respectivo EE nesse mesmo dia – não é difícil com a tecnologia actual). Em cada aula deveria existir uma avaliação e a correspondente classificação (cada falta corresponderia à classificação “zero”). O aluno que não tivesse aproveitamento por frequência (por qualquer motivo) teria obrigatoriamente de se sujeitar a um exame para progredir. Provavelmente, a obrigatoriedade, só por si, reduz o abandono escolar. Mas parece-me que os professores e os alunos que estão motivados não podem ser prejudicados por este crescente aumento da indisciplina e de desinteresse por parte de outros. Deste modo a falta seria mais responsabilizante, a avaliação mais justa e seria mais fácil de se atribuir uma classificação (ver http://revistaensinareaprender.blogspot.com/2007/12/ao-faltas-ou-responsabilizar.html ).
(d) Providenciar um atendimento condigno aos EE’s em qualquer hora do dia. Se o DT não estivesse dever-se-ia prever que qualquer outro membro do CT pudesse também fornecer as informações baseadas num dossiê devidamente organizado e actualizado. A ridícula hora de atendimento, nas actuais condições das escolas, não tem qualquer sentido. Parece-me ainda que as novas tecnologias (telemóvel, internet, …) deveriam também ser uma possibilidade de interacção entre a escola e os EE’s.
(e) As horas dos cargos deveriam ser assumidas pelos próprios em horário que entendessem sem qualquer marcação numa atitude de confiança e responsabilidade.
(f) Cursos CEF’s (muitos se necessário) com aulas reduzidas a metade sendo a outra metade ocupada na formação em contexto de trabalho. Prever também sessões de socialização entregues a profissionais habilitados (não a professores). Ver http://revistaensinareaprender.blogspot.com/2008/05/ao-professores-para-qu.html .
(g) Estabelecer três caminhos para o objectivo do 12º ano obrigatório (ver http://www.revistaensinareaprender.blogspot.com/2007/10/12-ano-sim-mas.html )
(h) Nas inúmeras reuniões (cada vez mais) que existem na escola e cada vez com maior número de membros há sempre alguém que tem necessidade de falar por razões que se prendem com os seus traços de personalidade. Mas, muitos exageram parecendo-me sintomático de falhas na avaliação dos traços de personalidade dos outros. Assim, nas reuniões, os tempos de intervenção deveriam ser limitados.
No próximo mês, prometo que continuarei com estas alíneas.
Luís Filipe Firmino Ricardo (2008)