(AO) Quem quer ser engenheiro?

Crítica ao prefixo usado nos nomes com os títulos académicos quando não se exerce a correspondente profissão.


Licenciado ou licenciadinho? Naturalmente que para alguém ser chamado engenheiro terá de fazer actos de engenharia e, cumulativamente, ter estudado numa escola de engenharia. O Primeiro-ministro estudou no INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA (ISEC) – o nome confere. Então, porque só satisfaz uma condição é, “apenas”, Primeiro-ministro. Não é engenheiro nem é engenheiro técnico. Parece-me que não será um grupo de “amigos”, ou de “rapazes bem dispostos”, dissimulados de associação ou ordem, que possuirão as razões e competência para escolher quem são os verdadeiros profissionais e quem pode usar o tal prefixo socialmente cobiçado nos países subdesenvolvidos. Não se podem sobrepor ao Ministério da Educação que será a instituição mais indicada para acreditar os cursos.
O Primeiro-ministro Sócrates começou (e concluiu) os seus estudos numa instituição pública de ensino superior universitário (Diário da República de 31-Dez-74 Decreto-Lei nº 830/74 artigo 2º-1) durante quatro anos (depois de fazer o propedêutico - 12º ano). Quatro anos efectivamente lectivos (com disciplinas de manhã e de tarde sem inclusão de qualquer estágio ou seminário) com uma candidatura em toda igual a qualquer outra candidatura para o ensino superior. Comparem, por favor, aos 4 anos da maioria das licenciaturas que andam por aí e onde, os que as obtiveram, são tratados por doutores com toda a pompa e também não estão inscritos em qualquer associação profissional – nem existem na maioria dos casos. Mais: basta ele ir ao ISEC e pedir que lhe passem o diploma de licenciado para obter o canudo, pois tem mais disciplinas e carga horária que as actuais licenciaturas administradas nessa instituição. Logo, quanto a competências técnicas não precisa de demonstrar mais nada. É pena que não precise muito delas para as suas actuais funções.
Então, a minha sugestão passa pelo seguinte: tratem as pessoas por aquilo que elas fazem na realidade como, por exemplo, Professora Maria, Formador Felisberto, Ministra Augusta, Educadora Carla, Pedreiro Joaquim, Contabilista António, Enfermeiro Manuel, Advogado João, Economista Francisco, Médica Filomena, Colunista (ou Cómico) Manuel Correia, e por aí adiante.

Luís Filipe Firmino Ricardo (2007)