(AC) As teorias organizacionais clássicas aplicadas à escola

Reflexão sobre a viabilidade nessa aplicação


Dentro das teorias existentes sobre organização e administração de empresas (Sousa, 1990; Teixeira, 1995; Ferreira et al, 1996) surgem as chamadas “clássicas” que se movem objectivamente pela eficiência produtiva, onde a participação de todos está simplesmente excluída. São conhecidas as de Taylor em que os funcionários eram especializados por tarefas fortemente hierarquizados, de Fayol no domínio da administração com a sua conhecida sigla POC3- prever, organizar, comandar, coordenar e controlar e de Weber com o pressuposto que todas as situações são previstas dando inicio à burocratização dos sistemas. Surgiu depois a “teoria das relações humanas” através de Mayo, com a sua experiência de Hawthorne, onde se valorizaram os conceitos de ambiente de grupo, satisfação, motivação intrínseca e lideranças democráticas. Este autor definiu dois tipos de motivação: a (1) “extrínseca” onde o salário, valores e as recompensas materiais são as suas fontes orientadores e a (2) “intrínseca” que se guia pelo reconhecimento, louvores, autonomia e realização pessoal e profissional. Lawrence e Lorsch, através da “teoria da contingência”, valorizavam de sobremaneira uma tecnologia capaz afirmando que não existe modelo ideal. A eficiência produtiva, segundo esta teoria, depende da resolução dos problemas e da adaptação ao meio exterior. São conhecidas ainda a “teoria X” de McGregor onde se retira que o ser humano precisa de ser coagido para trabalhar não existindo qualquer motivação intrínseca, a “teoria Y” também de McGregor que dá uma relevância às motivações intrínsecas através do reconhecimento e da atribuição de responsabilidades onde a participação de todos e lideranças não autoritárias se destacam, e a “teoria Z” de Ouchi onde sobressai a participação de todos nas tomadas de decisão associada à imprescindível formação para o fazerem.
Embora existam autores, como Planchard (1974) e Bottery (1993) ambos citados por Costa (1996), que defendem uma solução Taylorista nas escolas, parece-me que, tendo em atenção a estrutura cada vez mais homogénea da classe docente, cada vez mais consciente do seu papel e cada vez mais bem formada, a escola terá, ou poderá, dar mais importância ao que dizia Mayo, Lawrence e Lorsch, McGregor (Y) e Ouchi.

Bibliografia referenciada
· COSTA, Jorge A. - Imagens Organizacionais da Escola. Porto: Edições Asa, 1996
· FERREIRA, J. M. Carvalho [et al.] – Psicossociologia da Organizações. Alfragide: McGraw-Hill, 1996
· SOUSA, António de – Introdução à Gestão – Uma Abordagem Sistémica. Lisboa – São Paulo: Editorial Verbo, 1990
· TEIXEIRA, Manuela – O Professor e a Escola – Perspectivas Organizacionais. Amadora: McGraw-Hill, 1995

Luís Filipe Firmino Ricardo (2007)