Claramente líderes. A história dos estudos da liderança iniciou-se e prolongou-se suportada na duplicidade líder-seguidor mas, atualmente, essa perspetiva passou a ser vista como ultrapassada. O livro chamado “Liderança Sustentável” explica bem que essa dualidade não tem qualquer lógica dada a crescente homogeneidade cultural dos membros de uma organização. A sustentabilidade a que se refere essa obra de Hargreaves e Fink (2007) aponta para uma harmoniosa preparação do futuro da liderança entendendo-se que as lideranças não são, nem devem ser, eternas e que devem ser preparadas pelos atuais líderes. É difícil fazê-lo uma vez que se entende ser da natureza humana gostar-se das posições que oferecem poder e notamos que todas as posições de liderança conferem esse desígnio. Como sabemos há-os de tal maneira apegados ao lugar que até têm de se fazer leis pra lhes limitar o mandato.
Não existe uma definição unanime dos conceitos, de resto cada vez mais usados, de líder ou de liderança mas tudo leva a crer que todos os que estão numa posição de influenciar outros podem ser chamados de líderes. Assim, a Escola está repleta deles duma forma dispersa. A diferença entre líder e liderança está diretamente ligada ao perfil de liderança e ao estilo de liderança, respetivamente. Ou seja, para se encontrar o líder tem de se perguntar: quem é o individuo? Para se conhecer a liderança tem de se perguntar: qual a sua postura? No início das observações ligadas a esta temática, a primeira pergunta tinha mais interesse do que a segunda mas, atualmente, os estudos debruçam-se de sobremaneira sobre a forma como o líder se comporta. Se são bons ou maus líderes, ou se exercem uma liderança eficaz, nunca o chegaremos a saber na realidade pois se nos preencherem as nossas motivações e desejos são bons e eficazes, caso contrário são maus e ineficazes mesmo que consigam atingir um qualquer objetivo pré-definido na organização.
E sabemos que ninguém consegue agradar à enorme diversidade de personalidades existente. O que interessa, na verdade, é, na linha da liderança sustentável, saber encontrar o que Vargas (2005) explana no título do seu livro, ou seja, encontrar a fórmula para o líder conseguir uma sucessão pacifica de forma a aceitar e preparar os outros proporcionando-lhes poder, responsabilidades, conhecimentos e partilha (aquilo a que comummente se chama empowerment ou, num sentido muito próximo, coaching), ou seja, encontrar a fórmula de se criarem mais líderes na organização. O delicioso título desse livro é: “A arte de tornar-se inútil”.
Luís Ricardo (2013)