Uma proposta para a criação de cargos extra-lectivos e exclusivos na escola dentro da carreira docente
Não me estou a imaginar com 64 anos a tentar dar aulas a alunos CEF. Por vários motivos ente os quais: natural falta de paciência, falta de poder/autoridade, falta de actualização dos conhecimentos na minha área específica devido à inexistência de cursos de formação e falta de educação dos alunos com o consequente aumento da incontrolável indisciplina. Pelo que tenho observado na escola (refiro-me à geral e não à minha em particular), existem professores que estão fartos, desadaptados, cansados,… da relação pedagógica com os alunos, pelas razões que aponto em cima e por outras que desconheço mas que poderei supor com alguma facilidade. Eu, como referi, serei um deles. Neste sentido, parece-me que seria interessante criar alternativas para estes casos. Todos os professores que ainda (aqui o ainda tem algum sentido irónico) gostassem/aguentassem/preferissem a actividade relacionada com a sala de aulas, ou seja ensinar, continuariam mas “só” deveriam fazer isso. Fundamentalmente dedicarem-se à melhor forma de transmitir conhecimentos aos alunos, ou seja, ser professor em toda a sua essência. Os que preferissem mudar deveriam poder fazê-lo para uma das inúmeras tarefas/funções que agora (e cada vez mais necessárias) existem na escola. A saber (falta arranjar-lhes nomes mais apelativos/apropriados): apoio às turmas, professor de substituição, apoio ao serviço de psicologia, técnico CNO (como de resto já existe), coordenador de departamento, relações publicas, bibliotecário, director de escola (como também já existe), director do centro formação (outro cargo que também já foi criado com funções exclusivas), técnico segurança, actualizador dos documentos internos face à imensa produção de legislação, relações públicas, etc. Pretendo transmitir, com esta minha sugestão, que deveriam ser criados vários cargos com carácter definitivo e exclusivos na escola separando claramente as funções do verdadeiro professor das restantes.
Numa perspectiva de qualidade no ensino, parece-me que alguns professores não deveriam ser obrigados a arrastarem-se numa mistura de funções até à reforma mas sim terem a possibilidade de ser transferidos a seu pedido para os tais cargos libertando o verdadeiro professor para a sua principal função, muitas vezes repetida pelos actuais responsáveis da política educativa, que é ensinar. Claro está que uma separação total nunca será de todo aconselhável, ou seja, para ocupar essas funções alternativas teriam primeiro de passar pela actividade de professor (relação pedagógica com alunos) e terem posteriormente acesso à necessária e obrigatória formação específica.
Luís F. F. Ricardo (2010)