(AC) O que é uma colecção?

Recensão crítica sobre o rumo que as bibliotecas e, em particular, as biblioteca escolares devem tomar para se adaptarem à avalanche informacional


Através do texto intitulado “What is a colection?”, Hur-Li lee, fundamenta a necessidade de discutir o conceito de colecção, questionando as facções mais tradicionais, os habitués dos novos ambientes tecnológicos e mesmo aqueles que consideram que o conceito, de tão óbvio, não carece de definição. Lee pretende propor uma definição funcional, com base nas inúmeras questões que se colocam no mundo da informação, modificado pelo avanço das tecnologias e em permanente evolução. Será em função deste conceito que o desenvolvimento da colecção deverá ser repensado, assim como os papéis e práticas de trabalho dos responsáveis pelas colecções. Poderão ser desenvolvidos novos serviços, como fruto da incorporação de informação provinda de outras áreas. Na primeira parte, o autor analisa o conceito tradicional de colecção, identificando quatro parâmetros basilares: tangibilidade, propriedade e comunidade de utilizadores, adicionando, ainda, o mecanismo de recuperação unificado (IRS). Importa, assim, identificar, no actual contexto, o que permanece, o que é desvalorizado ou reforçado e o que deve ser acomodado de novo, tendo em mente que a construção de uma nova concepção deve assentar na clarificação dos pontos de mudança.Seguidamente, Lee apresenta os desafios colocados pelos media, levantando questões sobre o desenvolvimento de colecções realizadas por computador e sobre o interesse em conhecer os limites das colecções, bem como as implicações associadas à integração de hipertexto.Na terceira parte, Lee clarifica os quadros conceptuais associados ao conceito de colecção, demarcando as semelhanças e diferenças relativamente à noção tradicional e, por fim, levanta novas questões que deverão ser clarificadas através da pesquisa. “O que é uma colecção?” - «“collection” should be thought of as in the term “a library collection”—an accumulation of information resources developed by information professionals intended for a user community or a set of communities.» (p.1106). Tal como dantes, o propósito de uma colecção consiste em servir as necessidades de informação de uma comunidade ou grupos de comunidades. Contudo, as tecnologias possibilitam agora que se atenda às solicitações de subgrupos e mesmo de indivíduos. O conceito deve ser ampliado de modo a abranger a perspectiva do utilizador durante a pesquisa, e a sua própria contribuição para a melhoria da mesma, bem como a do responsável pelo desenvolvimento da colecção, durante a concretização desta tarefa. Questões práticas, que se colocam a todos os responsáveis por bibliotecas no século XXI, desacomodam-nos face à sua pertinência e ajudam-nos a perceber “O que não é uma colecção”. Uma colecção pode existir numa forma virtual? Onde estão os seus limites? Quais os custos? Se uma página contém hiperligações, trata-se de uma colecção ou de um directório? As páginas associadas pertencem à colecção? Somos responsáveis pelo conteúdo das outras páginas? Estamos preparados para a facilidade com que a informação digital é manipulada ou para a sua fluidez? Se o ficheiro está em acesso remoto, é nosso? O que partilhamos com as outras bibliotecas, ou obtivemos na Web, é nosso? É importante que seja nosso? Os computadores vão substituir os bibliotecários? As bibliotecas vão desaparecer?
No seio do caos da informação, os utilizadores procuram a informação de que necessitam, com o menor custo e esforço. Caberá, assim, à biblioteca proporciona-lhes selectividade, uma mais-valia que deve ser integrada na própria colecção durante o processo de desenvolvimento. Segundo Taylor’s, citado por Lee (p. 1110) “the value added when choices are made at the input point of the system, choices based on the assumption of the appropriateness and merit of certain information chunks or data to the client population served” (p. 61). Uma colecção bem desenvolvida oferece, então: selectividade, abrangência, actualidade, fiabilidade e resposta rápida. Lee considera que os elementos chave do conceito de colecção abrangem: «a group of information resources, a defined user community, a collection development policy statement, and an integrated retrieval system.» (p.1111). O IRS surge, no contexto actual, como um elemento fundamental, na medida em que confere poder e visão, ao utilizador, sobre a colecção. Por outro lado, do ponto de vista do administrador, proporciona integridade e acessibilidade à própria colecção, subcolecções, páginas e documentos, independentemente dos formatos, locais de alojamento e propriedade e facilita a apresentação de documentos virtuais ou de substituição. Face ao exposto, o autor conclui que tangibilidade, locais físicos, propriedade e formatos são os conceitos, ainda fortemente enraizados, que foram desvalorizados no âmbito do novo conceito de colecção e que releva o conceito de «a collection as an information context, not just a group of objects» (p.1112).
Todas estas questões se reflectem nas bibliotecas escolares (BE) e merecem a maior consideração e preocupação por parte dos professores bibliotecários. A colecção da BE deve ser desenvolvida, tendo em atenção as necessidades de informação e de lazer dos utilizadores gerais e particulares, integrando recursos diversificados e adequados, com base no estudo da população alvo.
O desenvolvimento cuidado de subcolecções e a permuta entre bibliotecas constituem procedimentos que, sendo preconizadas há alguns anos, ainda não foram naturalizados entre as BEs. Seria, também, desejável proceder à ligação dos catálogos das bibliotecas próximas, incluindo a biblioteca municipal, através de um IRS, que facultasse e desse suporte à navegação através da colecção e das suas diferentes ramificações, atendendo aos níveis de maturidade dos alunos.
Muitas escolas terão já a preocupação de criar listas de links para páginas Web, com o intuito de orientar a pesquisa dos alunos, em alternativa à pesquisa livre na Web. Segundo Lee, estes documentos fazem parte integrante da colecção da BE. Contudo, a disponibilização de documentos electrónicos, é uma questão que ainda suscita dúvidas, relativamente ao tipo de conteúdos, bem como ao tratamento documental dos mesmos, tendo em vista a recuperação da informação. Contudo, às portas da introdução Plano Tecnológico da Educação nas escolas, a BE deve assumir um papel central no tratamento dos recursos digitais, antecipando as necessidades dos vários Departamentos e alunos.Por último, e retomando a ideia de adequação da colecção “as an information context”, seria interessante tentar conhecer os modos de utilização das colecções, tanto materiais como virtuais, tendo em vista, não só melhorar o desenvolvimento da colecção, como, também, orientar e criar novos hábito nos alunos, com o objectivo de os preparar para a imersão nos sistemas de informação.

Bibliografia referenciada
LEE, Hur-Li (2000), «What is a collection?» in: Journal of the American society for information science. 51(12). pp.1106-1113.


Céu Rodrigues (2009)

NOTÍCIAS

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"No primeiro e no segundo ciclos do ensino básico, o número de alunos por professor era de 11,8, em Portugal, contrastando com os 16 alunos por professor nos países da OCDE. No terceiro ciclo do ensino básico a relação era de 7,9 alunos por professor, enquanto nos países da OCDE a média se situava nos 13,2 alunos por professor. No ensino secundário, Portugal apresentava um rácio de 8,4 alunos por professor, enquanto nos países da OCDE a relação era de 12,5 alunos por professor".
CONFAP (8-Set-09)
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"Em Portugal, os alunos com 15 anos tinham em média por ano 821 horas de instrução. A média dos países da OCDE era de 921 horas. Na faixa etária dos 12 aos 14 anos, a média em Portugal atingiu 880 horas de instrução, situando-se a média dos países da OCDE nas 892 horas".
CONFAP (8-Set-09)
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"A despesa pública em educação como percentagem do PIB foi de 3,7, valor superior à média observada nos países da OCDE (3,5%). A percentagem da despesa corrente atingiu 98,1%, enquanto nos países da OCDE a média situou-se nos 92%. Em Portugal, cerca de 80% das despesas correntes respeitavam a salários. No topo da carreira os professores portugueses continuam a ser dos mais bem remunerados do espaço da EU e da OCDE".
CONFAP (8-Set-09)
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"A percentagem da população portuguesa dos 25-34 anos que concluiu pelo menos o ensino secundário atingiu os 44%, contrastando com os 29% observados no início da década. A média da OCDE situou-se nos 79%A percentagem da população portuguesa dos 25-34 anos que concluiu pelo menos o ensino secundário atingiu os 44%, contrastando com os 29% observados no início da década. A média da OCDE situou-se nos 79% (...)".
CONFAP (8-Set-09)
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"A taxa líquida de transição no ensino secundário atingiu 65%, mais 14 pontos percentuais do que em 2004/05 (51%), iniciando a aproximação à média observada para os países da OCDE (82%)".
CONFAP (8-Set-09)
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""O estatuto do aluno é um desastre e uma ofensa aos alunos cumpridores. Valores e atitudes como o trabalho, o mérito, a assiduidade, o comportamento, a aprendizagem, o conhecimento, foram postos em causa e de repente considerados antiquados e conservadores", diz Manuel Marques, economista nas Caldas da Rainha, pai de um aluno matriculado no 8º ano. "O estatuto do aluno privilegia o facilitismo e desresponsabiliza os alunos", acrescenta Maria José Viseu, presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE)".
Jornal i (07-Set-2009)
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“O Presidente da República, Cavaco Silva, promulgou o diploma que estabelece a manutenção do regime simplificado da avaliação de desempenho dos professores no próximo ano lectivo, anunciou hoje o Ministério da Educação (ME). Num curto comunicado, o gabinete da ministra Maria de Lurdes Rodrigues adianta que o diploma aguarda publicação em Diário da República, enquanto fonte do Palácio de Belém acrescentou que a promulgação aconteceu "nos últimos dias". O Governo anunciou a 16 de Julho a prorrogação do regime simplificado da avaliação docente em moldes idênticos ao aplicado este ano lectivo, pelo que os professores serão avaliados tendo em conta a assiduidade, formação contínua, cumprimento do serviço distribuído e participação nas actividades e projectos da escola. A observação de aulas (avaliação da componente cientifico-pedagógica) permanecerá facultativa, excepto no caso dos docentes que queiram aceder às classificações mais elevadas - "muito bom" e "excelente" -, que permitem uma progressão mais rápida na carreira. De fora vai continuar o parâmetro dos resultados escolares dos alunos. O diploma promulgado por Cavaco Silva, aprovado em Conselho de Ministros de 23 de Julho, deverá produzir efeitos a partir de Setembro, estabelecendo o dia 30 de Outubro como a data limite para os directores das escolas estabelecerem o calendário da avaliação de desempenho para o próximo ano”.
Público (19-Agosto-2009)
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