(AO) O e-learning e a batota

Uma reflexão sobre as vantagens e desvantagens do ensino à distância via Web

A educação on-line parece-me ter bastantes vantagens com as quais me identifico tendo em conta os meus traços de personalidade: recatado, algo introvertido e que não gosta muito das pressões dos horários (acredito também que não será a metodologia ideal para muitos). Assim, desde o não cumprimento de horários, de se poder estudar quando nos apetecer, de melhorar a rentabilidade/flexibilidade do tempo, de facilitar a participação, de eliminar as distâncias… elejo como a ideal aquela que nos permite elaborar documentos (respostas e e-fólios) de uma forma reflectida, sem precipitações, fazendo com que sejam mais completas e mais entendíveis. No entanto, também me parece que o processo ensino/aprendizagem dito normal (presencial) se assemelha actualmente ao ensino à distância (on-line). Utilizam-se cada vez mais as novas tecnologias na sala de aulas e cada vez mais o professor assume um papel de orientador obrigando o aluno a descobrir o seu próprio caminho, tal como faz o e-professor (ou tutor como é vulgarmente designado no e-learning). Paulo Freire disse simplesmente isto (podendo ser utilizado para qualquer variante de ensino): “ensinar (…) é criar as possibilidades para a construção do conhecimento”. A grande diferença entre as duas modalidades parece encontrar-se na partilha de conhecimentos que forçosamente terá de existir no EAD (ensino à distância – termo brasileiro) e que poderá não existir no ensino presencial mais individualizado e competitivo.
Tudo leva a crer que a razão principal desta nova metodologia de ensino/aprendizagem se prende com a necessidade da criação de um novo paradigma educacional mais interessante e motivador para os alunos dado o fracasso que o ensino normal está a ter (o terreno comprova-o, ao contrário das animadoras estatísticas baseadas em estudos quantitativos – dou mais importância à análise dos resultados etnográficos). Os alunos necessitam de novos incentivos que façam uso de instrumentos que dominem e apreciem, ou sejam, as novas tecnologias. Deste modo parece-me uma boa estratégia apostar no e-learning. Noto no entanto que estes cursos só poderão ser dirigidos a pessoas já com uma certa maturidade indo ao encontro do perfil que se espera de alunos capazes de se responsabilizar pela sua própria aprendizagem. Assim, o EAD só terá sucesso com pessoas maduras e numa perspectiva formativa. Muito dificilmente resultará com e-alunos duma classe etária baixa e com o objectivo de uma acreditação académica. Os e-alunos terão de possuir confiança, perseverança, empenho e conseguirem trabalhar em isolamento numa autodisciplina que não é própria dos jovens. Não consigo imaginar, para já, a atribuição de um grau académico a um adolescente de 15 anos que tivesse frequentado um curso totalmente on-line.
Surge, nesta metodologia de ensino, o tutor (professor on-line) que assume um papel de extrema importância. Terá de animar/mediar as discussões, de estar mais presente e atento do que o aluno, de criar estratégias de motivação criando um bom clima social transmitindo correctamente por escrito as emoções, de gerir o tempo convenientemente, de ler os constrangimentos dos alunos, e, claro está, dominar as novas tecnologias. Terá, assim, de ser um óptimo e constante observador, e, igualmente importante, estar acreditado por uma instituição de ensino superior, pois só deste modo se pode obter uma credibilização da avaliação e da respectiva classificação.

Luís Filipe Firmino Ricardo (2009)

NOTÍCIAS

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“Os movimentos independentes de professores não vão deixar que os novos deputados tenham tempo para se acomodar. Com o PS sem maioria absoluta, irão exigir que os partidos da oposição cumpram promessas. Primeiro passo: mal o novo parlamento entre em funções, vão solicitar que "sejam agendadas com urgência iniciativas parlamentares com vista à suspensão" do novo Estatuto da Carreira Docente (ECD) e do modelo de avaliação de desempenho que se lhe seguiu, confirmou ao PÚBLICO um dos dirigentes da Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino (APEDE)”.
Público (30-Set-2009)
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“Uma escola de Londres instalou cerca de 100 câmaras para monitorar seus alunos e professores. O sistema de vigilância abrange todas as salas de aula, corredores e playgrounds”.
Revista Profissão Mestre on-line (23-Set-09)
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